Infecções em pacientes com linfedema: Celulite, Erisipela e Linfangite

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Há inúmeras razões pelas quais os pacientes com linfedema estão em um risco aumentado de infecções. Normalmente, o corpo está protegido por uma camada fina de ácido sobre a superfície da pele, o que impede que as bactérias e outros agentes patogênicos entrem no sistema linfático. No entanto, a pele da pessoa com linfedema tende a ser mais seca e escamosa, causando uma interrupção da camada desse ácido protetor.

Outro motivo são as dobras cutâneas que as vezes se formam, essas pregas de tecido acumulam umidadee criam um terreno fértil e propício para as bactérias. A infecção ocorre quando a bactéria consegue penetrar na pele através de uma “porta de entrada” como pequenos ferimentos, escoriações, rachaduras na pele e micoses interdigitais (frieiras). Uma vez que as bactérias entraram no tecido linfedematoso, as proteínas e resíduos acumulados presente no linfedema fornecem um ambiente ideal para a infecção. A disfunção linfática e/ou ganglionar presente no linfedema diminui a função imunológica dos tecidos, o que pode agravar a situação pois as células de defesa naturais do corpo podem não ser capaz de lutar contra esses invasores de forma eficaz.

Essas infeccções resultam em um processo inflamatório e de reparação tecidual onde a fibrose dos tecidos aumentam piorando ainda mais o quadro do linfedema.

As infecções mais comuns incluem:

Celulite

Esta é uma infecção aguda da pele e tecidos mais profundos, caracterizada por sinais flogísticos como: dor, calor, rubor e turgor. A Celulite é freqüentemente causada pelo estreptococos ou staphylococcus, que são bactérias. A Celulite pode se tornar uma ameaça à vida quando se espalha através do sistema linfático ou sanguíneo para órgãos vitais e outras partes do corpo levando a uma linfangite ou sepse. Por isso é tão importante as medidas de higiene e cuidados diários com a pele.

Erisipela

Esta infecção aguda da pele é também causada por bactérias estreptococos e afeta a pele e tecidos localizados logo abaixo da pele, incluindo os vasos linfáticos e gânglios.

Erisipela é uma das infecções mais comuns em linfedema e tende a ser recorrente. Os sintomas típicos incluem inchaço, vermelhidão, febre, dor de cabeça, às vezes, vômitos e calafrios. No início, a pele se apresenta lisa, brilhosa, vermelha e quente. Com a progressão da infecção, o inchaço aumenta, surgem as bolhas de conteúdo amarelado ou achocolatado e, por fim, a necrose da pele (erisipela bolhosa necrotizante).

Linfangite

Linfangite é a lesão infecciosa dos vasos linfáticos de um determinada região. Essa lesão, pode ser causada por uma bactéria (Streptococcus pyogenes grupo A); por um verme (helmintos da espécie Wuchereria bancrofti); por disseminação linfogênica de um câncer; ou por lesões químicas ou mestástases de tumores.

A infecção pode se espalhar para a corrente sanguínea causando uma emergência de saúde que pode levar à morte. Os sintomas incluem estrias vermelhas da zona infectada para a axila ou virilha, febre, dor, dor de cabeça entre outros.

Diagnóstico das infecções

O diagnóstico é feito basicamente através do exame clínico. Exames laboratoriais são geralmente dispensáveis para fazer o diagnóstico, mas são importantes para acompanhar a evolução do paciente. Não são necessários exames de imagem.

Tratamento do quadro infeccioso

O tratamento dessas doenças pode ser feito em casa ou com internação hospitalar, tudo depende do grau de acometimento do membro e também do quadro sistêmico do paciente. São utilizados antibióticos, analgésicos, além de outras medicações auxiliares. Recomenda-se também repouso, lavar a área acometida com sabão neutro e tratar as lesões que serviram de entrada para a infecção. Durante o processo infeccioso fica proibido a realização de drenagem linfática ou de bandagem multicamadas. Se o paciente tolerar o uso da meia ou braçadeira elástica, está permitido a fim de evitar um inchaço maior(aumento do linfedema).

Prevenção

É importante que pacientes que já tiveram um episódio de erisipela ou linfangite evitem a recorrência do quadro. A prevenção das crises repetidas é feita através do combate às micoses interdigitais, higiene dos pés e mãos e manter a pele bem hidratada. Toda vez que apresentar alguma pequena lesão na pele, lavar com agua sabão neutro e passar álcool ou antiséptico em seguida. Use suas vestimentas elásticas sempre que possível. Uma vez instalada, o paciente deve procurar o médico imediatamente.

 

Jaqueline Munaretto Timm Baiocchi
Doutoranda em Oncologia FAP- Ac Camargo Cancer Center
Especialista em Fisioterapia Onco-funcional pela ABFO-COFFITO
Especialista em Fisioterapia Oncológica e Hospitalar pelo A.C Camargo Cancer Center
Formação Internacional em terapia linfática EUA- Alemanha- Bélgica
Especialização em Saúde Baseada em Evidência pelo Hospital Sírio Libanês
Especialização em Saúde da Mulher pela USP
Especialização em Acupuntura pelo CBES
Especialização em Fisioterapia Respiratória e UTI pelo A.C. Camargo Cancer Center
Diretora do Instituto Oncofisio Oncofisio
Diretora da clínica Fisio Onco www.fisioonco.com.br
Coordenadora adjunta do ambulatório de fisioterapia vascular- UNIFESP
Vice presidente da ABFO- Associação Brasileira de Fisioterapia em Oncologia

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