Você sabe o que é Linforréia?

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Linforréia é definido como vazamento de fluido linfático a partir da superfície da pele. Esta simples descrição pouco faz juz a essa condição que pode ser muito angustiante. A área afetada pode ficar sensível, frágil, fria e constantemente molhada. É importante saber que o fisioterapeuta especialista atua de forma direta e com sucesso nesses casos.

A linforréia pode ocorrer subitamente em todos os tipos de linfedema, em todas as áreas do corpo, geralmente é mais comumente associado com linfedema secundário ao câncer, no entanto, isso pode acontecer com pessoas que têm linfedema por qualquer causa.

Também é uma complicação diretamente relacionada com a retirada dos ganglios linfáticos (linfonodectomia ou linfonodo sentinela). Na literatura encontramos uma taxa de incidência que varia de 15% a 45% em mastectomias associadas à linfonodectomia axilar.

Outras causas de linforréia são os linfangiomas. Os linfangiomas são más-formações da rede vascular linfática. São visualizados como cistos ou vasos linfáticos dilatados por isso são comumente conhecidos como ‘bolhas’ linfáticas. A alteração na formação destes vasos provoca fluxo lento e acúmulo da linfa.
Comumente eles aparecem na pernas, genitais, axilas, dedos dos pés ou mãos, mas pode ocorrer em qualquer lugar. Quando o linfangioma é novo ou em áreas úmida, como os órgãos genitais, estes podem quebrar facilmente e a linforréia pode ocorrer. Quando são mais antigos, eles podem se tornar mais sólidos e verrucosos.

Fisiopatologicamente o que acontece é que a pressão do líquido no interior dos tecidos é tão elevada que a pele não consegue conter o vazamento. O resultado é que linfa começa a fluir a partir da pele. Não tem necessariamente que haver um trauma na pele para fazer este vazamento acontecer. Uma vez aberta a pele, vale ressaltar que o risco para infecções aumenta.

O líquido vazado tem aspecto seroso, de cor de palha e geralmente inodoro.

O que fazer para prevenir a linforréia?

Mantenha seu linfedema controlado, com acompanhamento médico e fisioterapêutico.

Mantenha os cuidados com a pele: pele limpa, seca e hidratada a cada dia.

Faça exercícios regularmente: a contração muscular mantém a linfa circulante.

Manter um peso adequado pode ajudar a melhorar o retorno venoso e linfático, sabemos que obesidade piora o linfedema.

Elevação da área afetada.

Faça o uso adequado das vestimentas de compressão.

Faça drenagem linfática periodicamente .

Mantenha uma dieta saudável e equilibrada.

Mantenha a pressão arterial controlada.

Como é o tratamento da linforréia?

Existe o tratamento médico e o fisioterapêutico.

Seu médico poderá prescrever drogas bloqueadores dos canais de cálcio (grupo de medicamentos utilizados para controlar a pressão arterial) . Se a linforréia for secundária à celulite, antibioticoterapia será a terapia de escolha. Em casos de difícil controle, o uso de laser ou cirurgia podem ser indicados.

Os cuidados com a pele são essenciais. Deve-se lavar a pele conforme a necessidade com produtos antibactericidas, como clorexidine aquoso ou gel. Se não houver feridas abertas, você pode lavar ou tomar banho normalmente com seus produtos de uso diário.
O uso de curativos que deverão absorver a umidade e mantê-la longe da pele para evitar mais danos a mesma, podem ser necessários. O curativo deve ser não aderente e estéril.

O fisioterapeuta especializado poderá aplicar drenagem linfática manual (DLM) na região mais proximal às lesões para diminuir a linfoestase e promover o fluxo linfático. A região com bolhas não deve ser drenada. Por exemplo na presença de lesões nas pernas, aplicar a DLM do joelho em direção a região inguinal, ou pelos caminhos alternativos de drenagem dependendo de cada paciente. Cirurgias de mama com linforréia na axila, pode ser realizada DLM no tronco.

O enfaixamento inelástico é o elemento mais importante do tratamento. Nesta fase, a pele é frágil demais para simplesmente entrar em meias ou braçadeiras de compressão. Essa terapêutica fornece pressões de trabalho dinâmico que descongestionam o membro e promovem o fluxo linfático. À essa prática podemos associar elevação do membro e exercícios miolinfocinéticos como bomba de tornozelo, subir e descer escadas, ficas nas pontas dos pés, apertar com pés uma bolinha de borracha contra o chão, apertar bolinhas com mão, fazer muque com o braço entre outros. Dependendo da quantidade de volume estravasado, o enfaixamento e os curativos deverão ser trocados diversas vezes ao dia.

Para a região genital, um bom ponto de partida é a utilização de bermudas compressivas a base de algodão. Uso de dupla camadas de calcinha ou cuecas são benéficos. Podemos prescrever o uso de um preenchimento (pad de espuma) dentro da roupa íntima , isso ajuda a fornecer mais compressão na região.

A linforréia tem cura e controle e quanto antes o paciente procurar atendimento melhor.

Jaqueline Munaretto Timm Baiocchi
CREFITO 69837 F
Mestranda em Oncologia – subárea linfedema pelo AC Camargo Cancer Center
Especialista em Fisioterapia Onco-funcional pela ABFO-COFFITO
Especialista em Fisioterapia Oncológica e Hospitalar pelo A.C Camargo Cancer Center
Formação Internacional em terapia linfática pelo Método Vodder EUA
Formação em drenagem linfática em oncologia pelo método Leduc – Bruxelas
Especialista em Saúde Baseada em Evidência pelo Hospital Sírio Libanês
Especialista em Saúde da Mulher pela USP
Especialista em Acupuntura pelo CBES
Especialista em Fisioterapia Respiratória e UTI pelo A.C. Camargo Cancer Center
Membro do comitê de fisioterapia da ABRALE
Coordenadora científica e de cursos do portal Oncofisio
Diretora da clínica Fisio Onco www.fisioonco.com.br

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